quinta-feira, 22 de abril de 2010

Como fazer um seminário?

Seminário é um procedimento metodológico que supõe o uso de técnicas (uma dinâmica de grupo) para o estudo e pesquisa sobre um assunto predeterminado.

O seminário pode assumir diversas formas, mas o objetivo é: leitura, análise e apreensão dos dados pesquisados.

Para desenvolver um seminário, o grupo precisa estar ciente da necessidade de cumprir alguns passos:

a) Estabelecer o tema (atribuição do professor);
b) Compreender e explicitar o tema;
c) Definir fontes bibliográficas;
d) Realização da pesquisa;
e) Elaboração de um texto/roteiro para apresentação.

Para a realização de um seminário, cada grupo deve apresentar:

a) Expor o assunto, valendo-se, para isso, das mais variadas estratégias: exposição oral, quadro-negro, slides, cartazes, encenações, filmes etc. (Usar a imaginação);
b) Contextualizar o tema, ou unidade de estudo, nas obras pesquisadas;
c) Apresentar os principais conceitos, ideias, doutrinas e  momentos históricos essenciais;

d) Levantar os problemas surgidos na pesquisa e apresentar os mesmos para discussão da turma;

e) Fornecer a fonte de pesquisa (principais autores consultados) e, caso possível, comentá-la;

f) Indicar a conclusão do grupo.


O trabalho final deve conter:
a) Capa;
b) Introdução;
c) Desenvolvimento;
d) Conclusão;
e) Bibliografia.


Fonte: Guia para a elaboração de trabalhos escritos - UFRGS (adaptado).

sábado, 10 de abril de 2010

Diferenças entre o Impressionismo e Expressionismo

O Impressionismo surgiu na segunda metade do século XIX, e seus artistas se empenharam para registrar a impressão momentânea, dispensando as técnicas tradicionais acadêmicas. Claude Monet é um artista importante deste período. Em seus quadros, um lago não era uma imagem azul da água, mas inúmeras pinceladas multi-colores do ocre ao azul marinho. Diferente dos artistas acadêmicos, os impressionistas valorizavam a luz natural e cenários externos ao ateliê.


  Impression, soleíl levant. 1872. Claude Monet


No Expressionismo, corrente artística da virada do século XIX para o XX, a pintura não mais representava a imagem real ou o efeito da luz, mas distorções intencionais que geravam novas formas e expressavam os sentimentos do artista (como angústia, dor, inadequação da realidade etc.). Vincent Van Gogh e Paul Gaugin são exemplos de artistas que marcaram esta fase da pintura moderna.

Van Gogh. Autoretrato. Saint-Rémy, 1889. Museu d’Orsay.

Vanguardas Europeias: Surrealismo

O Surrealismo foi um movimento artístico e literário que surgiu na França, com poeta André Breton, na década de 1920.

Influenciado pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud,  o surrealismo enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa; defende que a arte deve libertar-se das exigências da lógica e expressar o inconsciente e os sonhos; e rejeita os valores burgueses, como a pátria e a família. Expressa o interior humano.

Na arte, o catalão Salvador Dali (1904-1989) é um dos principais artistas do movimento surrealista.




"A Persistência da Memória", Salvador Dalí (1931)

Na literatura está presente a escrita automática e anticonvencional, o interesse por sonhos e mitos, o humor negro e metáforas surreais (onde realidade e sonhos se misturam).

Na literatura brasileira, o livro MACUNAÍMA, de Mário de Andrade, talvez seja o melhor exemplo. Escrito em apenas seis dias, com uma narrativa quase automática, reelabora temas de mitologia indígena e visões folclóricas.

Nesse romance encontram-se dadaísmo, futurismo, expressionismo e surrealismo aplicados às raízes da cultura brasileira. Leia um trecho:


“Nesse momento um mulato da maior mulataria trepou numa estátua e principiou um discurso entusiasmado explicando pra Macunaíma o que era o dia do Cruzeiro. No céu escampado da noite não tinha uma nuvem nem Capei. A gente enxergava os conhecidos, os pais-das-árvores os pais-das-aves os pais-das-caças e os parentes manos pais mães tias cunhadas cunhãs cunhatãs, todas essas estrelas piscapiscando bem felizes nessa terra sem mal, adonde havia muita saúde e pouca saúva, o firmamento lá.”

Fonte: http://www.ziggi.com.br/buscar/livro-macunaima-completo

Vanguardas Europeias: Dadaismo

O Dadaísmo foi um movimento originado, entre 1915 e 1916, em Zurique, Suíca.

O movimento promovia o "terrorismo cultural", pois negava todas as tradições sociais e artísticas. Tinha como base o niilismo (descrença absoluta), o ilogismo (ausência de lógica ou de regras) e o slogan "a destruição também é criação".

 Na arte, havia grande admiração pela arte abstrata e cultuava a realidade mágica da infância: "Mona Lisa com bigodes, de Marcel Duchamp"




Na literatura, o Dadaismo procurava chocar o público. Agressividade, improvisação, desordem, rejeição a qualquer tipo de racionalização e equilíbrio, estavam presente nos textos.

O acaso substituiu a inspiração e a brincadeira tomou o lugar da seriedade. Invenção de palavras com base na sonoridade.

Die Schlacht (A Batalha), de Ludwig Kassak

Berr... Bum, bumbum, bum...
Ssi... Bum, papapa,bum, bumm
Zazzau... Dum, bum, bumbumbum
Prä, prä, prä... râ, äh-äh, aa...
Haho...

No Brasil, o Dadaísmo se manifestou em várias obras dos modernistas. O grande projeto dos modernistas era escrever brasileiro, criando um língua nacional livre. Manuel Bandeira, grande poeta modernista utiliza um procedimento dadaísta comum na época (a galhofa) e fez, no poema a seguir, uma paródia modernista de um poema do romântico Joaquim Manuel de Macedo (A Moreninha).



Mulher, irmã, escuta-me: não ames,

Quando a teus pés um homem terno e curvo

Jurar amor, chorar pranto de sangue,

Não creias, não mulher: ele te engana!

As lágrimas são galas da mentira

E o juramento manto da perfídia.


Receita de poema, do escritor francês Tristan Tzara:


Pegue um jornal
pegue a tesoura
escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema
recorte o artigo
recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco
agite suavemente
tire em seguida cada pedaço um após o outro
copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco
o poema se parecerá com você
e ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público


Vanguardas Europeias: Futurismo

O movimento cultuava a vida moderna, a máquina, a velocidade. Reivindicava uma ruptura com o passado, buscando novas formas, assuntos e estilos, que melhor representasem a modernidade. Surgiu, oficialmente, em 1909, com a publicação do Manifesto Futurista, do poeta italiano Filippo Marinetti, no jornal francês Le Figaro.




O lema do manifesto futurista era "palavras em liberdade".

Na literatura, empregou-se a destruição da sintaxe; a abolição da pontuação, esta seria substituída pelos sinais da matemática ou da música; o uso de onomatopeias e de estruturas que incorporassem o som das máquinas à linguagem; e pretendiam abolir o uso dos advérbios e adjetivos.

Influências do Futurismo no Brasil:

Ode ao burguês, de Mário de Andrade


Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!
que vivem dentro de muros sem pulos;
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os "Printemps" com as unhas!

Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
o èxtase fará sempre Sol!

Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais!
Morte ao burguês-mensal!
ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi!
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano!
"–Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
–Um colar... –Conto e quinhentos!!!
Mas nós morremos de fome!"

Come! Come-te a ti mesmo, oh gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!

Fora! Fu! Fora o bom burgês!...


Outra influência futurista no Brasil é o romance"João Ternura", de Aníbal Machado.


Vanguardas Europeias: Cubismo

O movimento cubista surgiu em Paris,  entre 1907 e 1908, com a tela Les Demoiselles d'Avignon (As Senhoritas de Avignon), pintada pelo espanhol Pablo Picasso.


A pintura retrata cinco nús envoltos na natureza morta.
 Os traços dos rostos remetem às máscaras africanas. 

A arte é marcada pela decomposição do objeto em múltiplos planos, rompimento da perspectiva tradicional, simultaneidade, recorte e montagem.

Poesia cubista:

São José Del Rei, de Oswald de Andrade

Bananeiras
O Sol
O cansaço da ilusão
Igrejas
O ouro na serra de pedra 
A decadência.

O poema São José Del Rei (atual cidade de Tiradentes) parece fazer referência ao percurso de 12 km, de trem, entre as cidades de São João Del Rei e São José Del Rei. A mineração de ouro, no início do século XX, que estava em decadência, é retratada no poema.